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O Começo do Fim



Ao acordar no domingo pela manhã, Pedro notou que o dia estava lindo, porém um pouco sombrio. Não para as outras pessoas, mas para ele.
Era meio dia a hora em que Pedro ligou para Letícia para marcar de ir busca-la.
-Oi amor.
-Bom dia linda!
-Bom dia meu emo lindo!
-Então, passo ai pra te pegar que horas pra ir no cinema?
-Bom, minha mãe me chamou pra ir almoçar com ela no shopping. Só você ir me encontrar la.
-Tudo bem vida. Até logo!
-Até amor!
-Te amo!
-Também te amo!
Pedro imaginou que deveria dar um tempo antes de ir. Passou na casa de sua amiga Luciana e ficou por um longo tempo conversando. Já eram três da tarde quando Pedro foi pro shopping encontrar Letícia. Chegando la, ele a ligou.
-Oi amor! Cheguei aqui.
-Onde você esta? – Sua voz estava firme e séria.
-To na entrada aqui amor. To indo pra fila do cinema.
-Ta! To chegando ai. – Desligou o celular com uma certa ignorância.
Pedro a avistou e foi dar-lhe um abraço.
-Porra cara! To a três horas te esperando Pedro! – Seu tom ignorante foi visivelmente notável.
-Poxa amor, você estava almoçando com a sua mãe. Resolvi da um tempo e esperar pra vocês almoçarem. Ai passei na casa de Luh.
-Ah claro! Deixou me esperando três horas aqui por causa de Luciana!
-Não foi assim amor. Para de escândalo! Prefiro você sorrindo!
-To puta contigo! Namoral!
-Tudo bem amor. Desculpe. Entendi errado. Desculpe?!

-Ta! Vamos pra fila do cinema logo!
-Vamos...

O clima havia ficado bem chato. Chegaram no cinema com poucas palavras e la dentro as coisas foram melhorando. Entre beijos e abraços, muitas vezes foram ditas a frase “eu te amo!” As coisas pareciam ter se acertado. Depois do cinema, foram para uma parte da praça de alimentação do shopping onde havia uma janela grande. La de cima eles podiam ver os carros passando pela BR 101 e alguns casais ficavam ali namorando.
-Desculpe por hoje amor. Realmente eu me confundi. Eu não queria ter deixado você esperando...
-Tudo bem Pedro. Relaxa. Acontece.
-Sério mesmo. Eu te amo. E amo muito minha menininha! Como nunca amei ninguém e talvez como nunca vá amar!
-Talvez nunca vá amar?!
-É amor. Não sei até quando você vai gostar de mim...
-Seu bobo! Eu vou gostar sempre de você! Eu quero me casar contigo. Eu quero mudar minha vida contigo. Mudar meus planos. Eu quero que se realize tudo o que planejamos aquele dia no MSN. Nossa casa la em Saquarema ou Arraial do Cabo, com nosso cachorro, nosso carro e nossa filha!
-É tudo o que eu quero meu amor! Quero ser feliz ao seu lado!
-Eu já sou feliz ao seu lado!
Nesse momento houve uma breve pausa no assunto, até que ela quebra o silencio com uma pergunta, digamos linda e inesperada.
-Quer se casar comigo?
-Ta me pedindo em casamento Letícia?
-Sim! Quer se casar comigo?
-Eu quero! – Eles sorriram juntos e ele continuou com a palavra. – Quando vamos nos casar?
-Daqui a cinco anos. Pode ser?
-Pode sim amor! Mas por que daqui a cinco anos?
-É porque eu vou ter vinte e um anos.
-E por que você só quer com vinte e um?
-Não me questione. Apenas concorde.
-Nossa! Tudo bem!
-Então ta certo. Nos casaremos em dois mil e quatorze. Da tempo de ajeitar a vida não é?!
-Da sim amor!
Ficaram noivos ali naquele dia. Logo depois disso sentaram em uma das mesas e Pedro comprou algo no Bob’s. Enquanto conversavam, Pedro pegou a pasta de desenhos na mochila de Letícia e enquanto via suas artes, pegou uma página que lhe foi como um tiro no peito.
-Letícia, que isso aqui escrito Letícia e Diego?
-Ah amor! Isso não é nada. É só uma brincadeira de mau gosto das meninas la da sala. Aquelas vacas! – Respondeu ela meio irritada e tentando tirar o foco do assunto. Parecia estar com um certo medo.
-Não gostei de ver isso! To falando sério! Você sabe que não gosto desse moleque!
Diego era um amigo de Letícia que Pedro detestava. Ele ficava dando em cima de Letícia o tempo todo e Pedro tinha muita vontade de lhe dar uns bons socos! Aquele momento gerou uma situação bem desagradável e isso ficou na cabeça de Pedro. Medo de ser traído. Medo dela ter feito com ele o mesmo que ele cansou de fazer com ela.
Na volta, antes de chegar na casa dela, passaram em um lugar onde vendia o melhor açaí do bairro. Após comprar, foram tomando pelo caminho até chegar a casa dela.
-Sabia que foi você quem me ensinou a gostar de açaí?
-Sério emo?
-Sim! Eu achava que era ruim. Ai nunca provava. Até que um dia você fez tanta propaganda dizendo que era bom que eu resolvi provar. Experimentei e adorei. – Após dizer isso, ele sorriu.
-Nossa! – Ela também sorriu em seguida. – Pedro, queria te contar uma coisa.
-Diga amor.
-Minha bisavó se matou por causa de um amor.
-Ã?! Sério? Me conte isso! – Disse ele surpreso com o assunto.
-Ela amava um cara. Só que ele era pobre, ou não sei bem da história. Sei que ela casou obrigada com meu avô... Ai quando soube que o cara que ela amava se casou com outra mulher, ela se matou. Bebeu veneno.
-Nossa cara! Que tenso! Agente não deve tirar a vida que Deus nos deu por causa de outra pessoa assim.
-É. Eu sei. Agente não pode é magoar as pessoas assim. Devemos deixar elas viverem com quem amam de verdade.
-Eu concordo com você.
-Nunca sabemos qual será a reação de alguém após uma decepção.
-Eu sei disso. Eu sempre penso nisso. – Aquelas palavras foram sementes que realmente vingaram mais tarde no coração de Pedro. Naquele momento aquela parte traidora e seja dele foi exterminada. – Eu já me decepcionei feio... – Continuou ele.
-É. Eu sei. Detesto sua prima por isso!
-Não vale apena. Aquilo precisou acontecer pra eu poder te reencontrar e estar aqui contigo! Tudo foi plano de Deus!
-Deus... Acho engraçado você falar dEle pra mim.
-Um dia você vai o conhecer.
-Já o conheci. Ele me deu um pai de merda. Acho que ele é só uma figura que a igrejas usam para que os pastores e seus auxiliares ganharem dinheiro das pessoas ingênuas.
-Não fale assim amor. Deus te deu um pai de merda, mas deu também um padrasto que é um milhão de vezes melhor que um pai.
-Mas não é meu pai. Além disso, tenho que dividir o amor dele com a filha dele.
-Eu vou orar muito por você.
-Hoje você não foi a igreja.
-É. Eu sei.
-Lamento. Hoje você não vai orar por mim. Você não esta na Igreja.
-Amor, vou sim orar. E outra, eu nunca estou na igreja. A Igreja quem esta em mim. Eu sou Igreja de Jesus! Aquilo é apenas um templo...
-Tanto faz!
-Amor...
-Caramba! – Ela o interrompeu entes que ele pudesse prosseguir no que ia dizer. – Esta tendo um churrasco na casa da minha madrinha. Aquela que mora do lado ali de casa. Vamos la?
-Claro amor! Vamos! – Respondeu ele um pouco frustrado.
A noite foi bem agradável. Luciana também estava no churrasco, e pediu a Pedro para que dormisse em sua casa, pois era domingo e já estava bem tarde para ele pegar a estrada. Letícia concordou e disse que não havia problemas.
A noite foi ótima. Comeram, beberam e Pedro até se arriscou a tocar cavaquinho. Quando a hora já estava bem avançada, Pedro levou Letícia até o portão de sua casa. Quem o recebeu foi o padrasto dela. A voz de Cezar era forte e dava bastante medo. Pedro sentiu uma pequena tremedeira nas pernas, mas logo se recompôs. Deu boa noite e foi pra casa de Luciana.
Antes de dormir, Pedro e Luciana conversaram bastante. Depois, Pedro esticou o colchão na sala e dormiu, enquanto Luciana subiu e foi para o seu quarto.

Fonte: Livro Sonho Moderno ( Pierre Martins )

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