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O inesperado


Sentei-me embaixo de uma arvore que fica de frente ao mar. O pôr-do-sol ali é fantástico. As horas passavam e eu me perdia em meus pensamentos. Já estava quase pegando no sono quando um rapaz sentou-se ao meu lado.

-Se dormir vai acabar perdendo o pôr-do-sol.
-Relaxa, eu não vou dormir.
-Posso me sentar? Sei que o melhor lugar para assistir é esse.
-Claro. Sente-se.

Confesso que fiquei bastante receosa. Mas até que ele parecia bem educado. Não era o “Robert Pattinson”,  mas também não era tão feio. Eu tinha certeza que ele ia pedir pra ficar comigo. Mas ele iria levar um não! Eu não quero mais ficar com ninguém! Homens não prestam.

-Então moço, você não é daqui né? Nunca o vi por aqui.
-Na verdade não. Eu moro numa cidadezinha que fica a uns 40 quilômetros daqui.
-E o que faz aqui?
-Vim assistir o pôr-do-sol ué!
-Mas justo aqui?
-Que graça teria eu assistir de la se não fosse em sua companhia?
“-Sabia!” – Foi o que disse em meus pensamentos! Ele queria mesmo ficar comigo. A tática foi boa. Mas não rola. “ – Vou me divertir com ele.” – Foi o que pensei.
-Minha companhia não é boa moço!
-É sim! Acredite!
-Enfim, nem disse lhe meu nome.
-É Sophia.
-Como sabe?
-Eu leio mentes!
-Ah! Essa foi ótima! – Disse eu gargalhando.
-É sério. – Ele também sorriu.
-Vai! Diga de onde nos conhecemos...
-Bom, com certeza não é da internet, eu nunca vi você nos carnavais daqui, não sou amigo da sua prima e estou usando calça porque eu estava vindo a trabalho, mas tive um pequeno acidente e acabei faltando meu compromisso, ai resolvi vir até aqui a praia.
-Valeu Chico Xavier! – Disse eu impressionada.
-Eu disse que lia mentes! E Chico Xavier não lia mentes. Ele era apenas um médium pelo que sei.
-Tanto faz! Então agora me diga. No que eu penso?
-Não posso dizer. Não seria ético! – Disse ele rindo.
-Seu babaca! – Eu gargalhei nesse momento.

Eu estava impressionada como ele realmente havia “lido minha mente”. Ou pelo menos tinha um ótimo palpite sempre. Conversamos por horas. A noite já estava chegando. O sol estava prestes a se por.

-Que droga. Hoje não vai ter por do sol. – Disse ele.
-Por que não?
-Bom, enquanto nós ficarmos olhando, ele estará entre aquelas nuvens.
-Não! As nuvens vão sair quando ele estiver prestes a tocar a água.
-Como tem tanta certeza disso?
-Eu tenho meus dons também! – Disse eu me gabando.

E foi o que aconteceu. As nuvens não cobriram o pôr-do-sol daquele domingo. Então senti que já estava bem perto dele. Ele estava fascinado com o sol se pondo no mar. Então não sei por que motivo, talvez eu realmente seja muito impulsiva, mas eu roubei-lhe um beijo. Ele sorriu e me abraçou. Realmente nós não vimos o pôr-do-sol daquele domingo. Nós ficamos ali deitados nos beijando até a noite chegar. 

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