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- Destinados.





Ao meu redor rostos que eu não conhecia e também não fazia questão de conhecer... O céu estava azul, mas mesmo assim ventava bastante e fazia frio. Eu sabia que um dia iria encontra-lo novamente, algo me falava que estava cada vez mais próxima a esse dia, mas eu negava a aceitar esse fato. Meu coração pulsou mais forte, minha respiração estava ofegante, parecia que o vento estava mais forte e bravio. Eu o avistei ao longe em uma roda de amigos, eles estavam sentados naquela praça, em um banco de madeira, havia muitos coqueiros nela, e barraquinhas que coisas que não precisamos, mas amamos consumi-las. Ele tocava violão no meio do banco, Renato sorriu para mim, naquele mínimo segundo meu dia se alegrou, algo estava revivendo em mim, ele nunca soube o porquê desapareci depois que ele começou a namorar com a minha melhor amiga, jamais me procuram e mesmo que o fizessem, eu não falaria nada. Ele deixou o violão de lado e foi até mim deixando os amigos tocarem sozinhos. Sorrindo ele me abraçou forte, seu perfume era o mesmo de antes, seu cabelo cheira igual há um ano.
-Porque você sumiu Barbara... Que saudades que eu estava – sua voz era grossa e serena, seus olhos verdes claro eram fixos aos meus, isso me deixava insegura e desconsertada.
-Desculpe... Tive uns imprevistos.
-Pelo menos você está aqui agora, olha vamos ali ao píer? – seu tom era convidativo.
-Bom...
-Vamos... Não vai dizer que está atrasada para não sei o que né?! – eu havia pensado nisso, mas não podia faze-lo mais, a saudade era maior.
-Tudo bem, mas não posso demorar muito...
-Vamos logo garota – ele me puxou pela cintura e ali ficou com o braço em minha volta.

Ao píer era como eu me recordava, sua vista era incrível, as montanhas ao lado, tudo era impressionante.
-Aqui é cada vez mais lindo – meus olhos faiscavam.
-Isso que dá sumir do nada... – Renato mexia em meu cabelo solto – Ele cresceu.
-Eu sei.
-Está mais bonito – eu corei instantaneamente.
-Obrigada – falei olhando para o chão.
-Não precisa ficar envergonhada... É... – ele pareceu não muito a vontade com o que iria falar – Preciso conversar com você, a muito tempo.
-Tudo bem, fala.
Sentamos na beira do píer com os pés na água.
-Não entendo porque você sumiu, mas antes de você desaparecer eu ia te contar, eu juro que ia... – em seus olhos haviam lágrimas e não entendia o motivo – Eu... Sou um idiota Barbara, isso que eu sou...
-Não você não é Renato, vamos me conte, eu sou sua amiga, sempre fui e estou aqui agora.
-Sou um idiota sim... Eu gostava de você, a mais de um ano, eu tive medo de você não querer nada comigo pela fama que eu ganhei com o tempo – eu não acreditava no que estava ouvindo – Todos os dias eu imaginava em uma forma diferente de te contar... Todos os dias... O pior era saber que você não aceitava ser minha nem em meus pensamentos, nem nos meus sonhos... Barbara... Eu não estou com ninguém desde que você desapareceu, eu terminei com a Beatriz, ela nunca foi para mim... Pensei que iria te esquecer depois que você sumisse, mas não foi assim, você estava cada vez mais presente, em meus sonhos, pensamentos, nas musicas que eu fazia e faço... E te ver hoje ainda mais linda do que antes só reforçou o que eu já sabia... Você é a mulher que eu quero, se não for você eu não quero mais ninguém... Eu sei que estou sendo um idiota agora, talvez você tenha um namorado, ou até mesmo – seu tom era de nojo – Um marido... Mas eu não podia mais guardar isso para mim, isso me sufoca, me angustia, me consume... Assim que te vi percebi que se não te contasse hoje, não falaria jamais, desculpe... Eu não quero mais te atrapalhar. – Renato se levantou, afastando-se do píer com lágrimas em sua face, a minha agora também estava húmida.
-Renato – gritei quando ele já descia no fim do píer – Você não me deixou falar... – corremos juntos até o meio e ali ficamos frente a frente – Você nunca me perguntou porque eu fui embora né? Eu não suportaria a ideia de você poder ser feliz ao lado de outra pessoa que não fosse eu... Eu também me imaginava te contar isso todos os dias e em todos eles você falava que eu não era para você... Que você não era como eu e que jamais me amaria do jeito que eu te amo... Eu sabia que te veria hoje, pensei que você estaria com a Beatriz ou com qualquer garota tão bonita quanto você... Eu só não queria te deixar com peso nas costas achando que a minha infelicidade era sua culpa... E não era. Sempre que eu sorria era por lembrar de algo seu ou sobre você...
Ele não me deixou terminar, pegou-me levemente pela cintura e me beijou com delicadeza, mas ao mesmo tempo intensamente, era um beijo que eu e ele queríamos, que nós dois ansiávamos por esse momento... Foi algo sem explicações, mas desde esse dia, nunca nos beijamos de outra maneira, e estamos assim até hoje, fortes e unidos pelo destino chamado amor.



Por: Mariane Alfradique

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