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Um novo começo.

Vai sentir saudades?

Arrumei minhas malas durante aquela noite incrivelmente linda de dezembro! Era bastante calor e a sexta-feira estava chegando ao fim! Sábado eu estaria viajando para passar mais uma vez as minhas férias em Saquarema. Tinha que me despedir de Renan. Ficaria quase três meses longe do meu namorado né?! Pensei em tantas coisas naquela noite. Eu estava feliz. Renan como sempre, havia esquecido de me ligar. Então antes de dormir eu o liguei.

Você não liga pra mim.



-Boa noite Renan!
-Amor... Desculpe não ter ligado mais cedo. Eu ia ligar agora! Tive que resolver umas coisinhas aqui...
-Relaxa! Já estou acostumada com isso. Enfim, amanhã estou indo pra Saquá.
-Vai fazer o que la?
-Passo todas as minhas férias la.
-Entendi... Tudo bem. Quando nos veremos de novo?
-Se você não for la me ver, só daqui a uns 2 meses.
-Tudo bem amor! Aproveite as férias la!
-Ta chateado?
-Não...
-Imaginei que não ficaria mesmo... – Ele nunca sentia a minha falta. Eu sabia que ele não gostava de mim. Mas e daí?! Tanto faz! Eu também não gostava dele!
-Vou sair com o pessoal ta?!
-Vai onde? Ta tarde.
-Relaxa! Só vamos a praça e depois eu vou dormir.
-Tudo bem. Vai vir aqui em casa amanhã se despedir?
-Pô... Vou estar cansado. Passa la em casa amanhã amor.
-Você não esta em casa?
-To sim amor! Passa aqui em casa amanhã... – Ele tentou disfarçar, mas eu sabia que ele não estava em casa. As mentiras do Renan me machucavam muito apesar de eu nem gostar tanto assim dele.
-Tudo bem. Até amanhã!
-Até amanhã!
-Beijos...
-Beijo.
-Não vai dizer que me ama?
-Te amo...
-Também amo você.
-Ta. Tchau!
-Tchau.


Você é a melhor mãe!
Ele nunca me tratava bem. Por mais que eu fosse legal com ele, nunca fui valorizada. Ele não era tão diferente de todos os outros que passaram por minha vida. Todos são iguais! Todos são como meu pai. Tive pouco tempo pra me despedir de minha mãe, já que ela trabalhava o dia todo. Deitei na cama, mas não queria dormir. Queria ver a minha mãe antes de dormir. Já deviam ser umas meia noite e meia quando fui acordada com um beijo na testa. Era a minha mãe. Acordei e a abracei bem forte. Ficamos algum tempo conversando. Ela me contou sobre seu dia. Eu sentia muita falta dela. Mas sabia que era preciso. E ela fazia isso por mim. Não foi fácil segurar a barra que aquele desgraçado deixou. Minha mãe jamais se envolveu com outro cara depois dele. Bom que minha mãe deitou-se ao meu lado na cama e acabou pegando no sono. Me senti uma criança outra vez. Dormi abraçada com minha mãe, como não fazia a anos.
Acordei e minha mãe já não estava mais em casa. Tratei de arrumar tudo e deixei nosso lar incrivelmente limpo! Adorava quando minha mãe chegava e dizia: “-Nossa! Que casa cheirosa!” Almocei sozinha mais uma vez. Conferi pra ver se não faltava mais nada para levar em minha viajem. Depois de um banho bem frio, me arrumei pra ir até a casa do Renan. Antes de sair, meu celular tocou. Era Beatriz. Minha melhor amiga de uns 2 anos pra cá. Sempre se importou comigo e eu sabia que sempre podia contar com ela pra qualquer coisa.

-Fala nêga!
-Érica, preciso conversar contigo! Esta em casa?
-To sim Bia. O que houve?
-Já te conto! To indo ai.
-Ok!


Fiquei bastante aflita com aquele telefonema. O que eu podia fazer era esperar. Mil coisas me passaram pela cabeça.
Algum tempo depois a campainha toca. Beatriz havia chegado.

-O que houve mulher?
-Sabe que sou sua melhor amiga e faria tudo por você né?! Faria tudo pra ver você bem...
-Sei Bia! Para de cerimônia! Fala logo!
-O Renan... –Seus olhos estavam molhados. Ela ia chorar. – Ele...
-O que aconteceu com ele? – Perguntei espantada.
-Ele só não merece você. Eu o vi ficando com uma garota la na praça ontem.


Você é a melhor, amiga.
Eu sabia que isso acabaria acontecendo um dia. Mas mesmo assim meu mundo desabou. Eu abracei Bia e choramos juntas ali.
Bia passou aquela tarde toda ali comigo. Quando anoiteceu ela foi para casa. Eu me arrumei. Sequei as lágrimas e peguei minha mala. Parei na porta de casa e antes de girar a chave, lembrei que tinha que fazer uma coisa. Fui até o telefone e disquei o numero dele.

-Alô?
-Oi. Renan, por favor?
-É ele mesmo! Quem deseja?
-É Erica.
-Oi amor! Te esperei a tarde toda aqui. O que houve?
-Você foi a praça ontem né?
-Fui. – Ele gaguejou me respondendo hoje.
-Viu Beatriz por la?
-Eu posso explicar amor.
-Não! Não perca seu tempo! Acabou ok?! Boa sorte e até nunca mais!


Desliguei o telefone antes que ele dissesse qualquer coisa. Fechei a porta. Tomei um taxi até a rodoviária e, de lá entrei no ônibus que me levaria até Saquarema.

Já era noite quando cheguei na casa de meus tios. Queria ter mais coisas legais para contar a minha prima Camila. Mas estar solteira também acabava sendo uma ótima notícia. Triste é o fato de ela estar namorando com o Carlos e eu ter que ficar de vela o verão todo.
Contei a ela sobre o fim do meu namoro. Ela ficou triste por minha causa. Eu também estava um pouco triste, afinal fui traída. Mas sentia também que havia tirado um peso de minhas costas. Conversamos até bem tarde e enfim fui dormir.

Aquela manhã de domingo estava ótima! Foi o que Camila me contou pelo telefone. Eu acordei bem tarde e acabei não indo a praia com eles. “ - Ai que merda! Olha a hora!” – Foi o que eu disse em pensamentos.
Estava um pouco desanimada, mas algo dentro de mim queria me levar até a praia. Então pus meu biquíni amarelo, arrumei meu cabelo, escovei os dentes, tomei o meu “café da manhã” ás uma hora da tarde e fechei a casa para ir a praia.
Mil coisas se passavam em meus pensamentos enquanto esperava o ônibus no ponto. “ - Por que Renan fez isso comigo?” – Eu me perguntava a todo instante. “ - Esses homens são realmente todos iguais!”
Enfim avistei aquele ônibus cujo letreiro dizia “Itaúna”.  Quando ele parou, perguntei ao motorista se passava em Saquarema. Ele disse que sim. Que era o ponto final dele. Então subi e sentei numa das cadeiras que ficavam la pelo meio do ônibus. Ninguém sentou ao meu lado. Acho que a minha cara estava feia de mais para alguém se atrever a se aproximar. 
Logo que cheguei, liguei para o celular de Camila.


O vento me liberta!

-Onde vocês estão?
-Estamos aqui em Ponta Negra. Carlos também esta aqui comigo. Você quer vir pra cá? Onde você esta?
-To aqui em Saquarema na praia da vila. – Eu pensei melhor e não queria mesmo ver Camila e Carlos juntos o tempo todo. Não depois de ter ficado solteira. Segurar vela não combina comigo. – Mas acho que vou ficar por aqui mesmo prima. O pôr-do-sol daqui é mais bonito.
-Sei! Acho que eu entendo você prima. Fica tranquila. Qualquer coisa me liga que agente busca você ai.
-Tudo bem! Obrigada! Até mais!
-Até!


Graças a Deus que Camila me entendia! Eu não ia precisar ficar inventando desculpas bobas.
Caminhei até um morrinho que fica perto da Igreja N. Sª de Nazareth. Esse lugar é perfeito. Sentei-me embaixo de uma arvore que fica de frente ao mar. O pôr-do-sol ali é fantástico. As horas passavam e eu me perdia em meus pensamentos. Já estava quase pegando no sono quando um rapaz sentou-se ao meu lado.


-Se dormir vai acabar perdendo o pôr-do-sol.
-Relaxa, eu não vou dormir.
-Posso me sentar? Sei que o melhor lugar para assistir é esse.
-Claro. Sente-se.


Confesso que fiquei bastante receosa. Mas até que ele parecia bem educado. Não era o “Robert Pattinson”,  mas também não era tão feio. Eu tinha certeza que ele ia pedir pra ficar comigo. Mas ele iria levar um não! Eu não quero mais ficar com ninguém! Homens não prestam.

-Então moço, você não é daqui né? Nunca o vi por aqui.
-Na verdade não. Eu moro numa cidadezinha que fica a uns 40 quilômetros daqui. 
-E o que faz aqui?
-Vim assistir o pôr-do-sol ué!
-Mas justo aqui?
-Que graça teria eu assistir de la se não fosse em sua companhia?

“-Sabia!” – Foi o que disse em meus pensamentos! Ele queria mesmo ficar comigo. A tática foi boa. Mas não rola. “ – Vou me divertir com ele.” – Foi o que pensei.
-Minha companhia não é boa moço!
-É sim! Acredite! 
-Enfim, nem disse lhe meu nome.
-É Érica.
-Como sabe?
-Eu leio mentes!
-Ah! Essa foi ótima! – Disse eu gargalhando.
-É sério. – Ele também sorriu.
-Vai! Diga de onde nos conhecemos...
-Bom, com certeza não é da internet, eu nunca vi você nos carnavais daqui, não sou amigo da sua prima e estou usando calça porque eu estava vindo a trabalho, mas tive um pequeno acidente e acabei faltando meu compromisso, ai resolvi vir até aqui a praia.
-Valeu Chico Xavier! – Disse eu impressionada.
-Eu disse que lia mentes! E Chico Xavier não lia mentes. Ele era apenas um médium pelo que sei.
-Tanto faz! Então agora me diga. No que eu penso?
-Não posso dizer. Não seria ético! – Disse ele rindo.
-Seu babaca! – Eu gargalhei nesse momento.


Eu estava impressionada como ele realmente havia “lido minha mente”. Ou pelo menos tinha um ótimo palpite sempre. Conversamos por horas. A noite já estava chegando. O sol estava prestes a se por.

-Que droga. Hoje não vai ter por do sol. – Disse ele.
-Por que não?
-Bom, enquanto nós ficarmos olhando, ele estará entre aquelas nuvens.
-Não! As nuvens vão sair quando ele estiver prestes a tocar a água.
-Como tem tanta certeza disso?
-Eu tenho meus dons também! – Disse eu me gabando.


Mudando meu Destino!
E foi o que aconteceu. As nuvens não cobriram o pôr-do-sol daquele domingo. Então senti que já estava bem perto dele. Ele estava fascinado com o sol se pondo no mar. Então não sei por que motivo, talvez eu realmente seja muito impulsiva, mas eu roubei-lhe um beijo. Ele sorriu e me abraçou. Realmente nós não vimos o pôr-do-sol daquele domingo. Nós ficamos ali deitados nos beijando até a noite chegar. 









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