
Eu sempre odiei
pessoas hipócritas, talvez um dia eu tenha sido uma delas, mas hoje? Hoje não...
Agora eu tenho nojo de todas essas caras bonitinhas com falsidades na ponta de
suas línguas... Ai meu Deus, essas pessoas mesquinhas deveriam sei lá... Explodir
e para de foder com a vida dos outros.
O céu está azul, quase cintilante, estou vagando pelas ruas de Saquarema sem
ter um lugar certo para ir... Alguns meninos mexiam comigo, mas eu os ignorava
como sempre... Eu não me importava com eles, apenas me lembrada dele. Fui
diretamente para a lagoa, mas primeiro tive que dar a volta por trás da igreja,
lembro de quando fomos juntos ali, foi bastante divertido... Cá entre nós você
faz falta agora... Me veio uma vontade de ouvir a sua voz agora, na verdade é
uma necessidade. Uma voz totalmente inspiradora que agora pode estar longe de
mim, eu sinto isso... Todas aquelas cartas e versos que escrevi são reais,
escrevi tudo o que eu sinto em um pedaço de papel. Sinto como se você não fosse
sair de dentro de mim nunca, pois você já faz parte de mim... Sentei em uma
pedra que ali havia e afundei meu pé na lagoa... Havia pessoas do outro lado e
só eu ali, ouvi passos fortes que indicavam que estava descendo das pedras, não
quis me virar e nem saber quem era, apenas continuei a escrever em meu livro e
aproveitando o vento que batia em meu rosto e trazia o cheiro intenso amargo da
maresia...
-Anna?! – exclamou ele assustado, eu fechei o livro com pressa já que estava
escrevendo sobre ele.

-Eu... – ele parecia envergonhado – Senti sua falta pequena... E algo me dizia
que você estaria aqui... Não sei ao certo porque mais... Eu sonhei com você esta
noite e sabia que tinha que te encontrar.
Corei rapidamente.
-Pensei que você não me quisesse mais... Quer dizer... Que não quisesse me ver
mais... – eu estava sem jeito e isso era notável que ele ria de mim.
-Não foi isso... Nós fomos idiotas... Eu fui idiota... Brigamos por um pequeno
motivo... Você sabe disso.
-Sim eu sei. Mas você está bem? – falei enquanto eu sentava no mesmo lugar que
estava antes.
-Estou indo... Minha vida não é das piores sabe?! E a sua pequena?
-Nunca vai perder essa mania né?! – minha voz era zangada, assim como minha expressão.
-Um dia eu vou te perder? – ele falava de um modo gentil e doce.
-Não... – abaixei meus olhos e observava a água em meus pés.
-Então não vou parar... – ele olhou fixamente para meu livro – O que é isso?
-Não... Não é nada... – segurei o livro com mais força.
-Deixe-me ver isso... – ele veio pra cima de mim e tentou pega-lo.
-Não Daniel... – Sai correndo pela areia, mas ele me puxou e derrubou no chão,
ficamos perto demais, estava deitada e ele sobre mim, meu coração acelerou,
minha respiração estava ofegante, assim como ele.

Nós nos beijamos ali, foi incrível, não sabia que ele ainda sentia algo por
mim, mas daquele dia em diante aprendi que quando se ama o melhor é falar, pois
se você se calar pode sofrer mais do que se falasse...
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