Pular para o conteúdo principal

Você por aqui?

Finalmente meu último dia de aula havia acabado. Sei que vou sentir falta dos meus poucos amigos... Os poucos que restaram. Mas sei que esses são os verdadeiros! Estou com bastante saudade do meu pai. Desde as férias de julho eu não o vejo. Vai ser bom passar um tempo com ele. Antes da formatura eu volto. A fila pro ônibus até que está grandinha hoje! E uma coisa ninguém pode negar: Esse terminal esta bem sujo! Os mesmos vendedores ambulantes de sempre... O barulho dos ônibus indo e vindo... Já estou a quase vinte minutos aqui, mas o Araruama não encosta! Enfim ele chegou! "-Uffa! Demorou heim!" - Disse eu ao motorista. Como de costume, me sento no ultimo banco do lado direito. Não que seja uma mania, mas é que ele sentava sempre nesse mesmo lugar. Pelo menos me dizia isso... Olha só! Outra vez eu me peguei pensando nele. Será que vou o ver hoje? É meio difícil... Devo admitir. Como será que ele está? Já faz algum tempo que não tenho notícias... Ainda sinto saudades daquele beijo no Pier! Eu sou louca mesmo! Perdi a chance que tive... Mas ele a ama e ela o ama! Eles voltaram mesmo depois de tudo o que ela fez... Bom, acho que o que tenho a fazer, é dormir até chegar lá. Nossa! O ônibus esta cheio hoje! Parece que o único lugar vazio é ao meu lado. "-Credo! Sou tão repulsiva que ninguém quis se sentar ao meu lado." - Eu sorri ao pensar isso. O ônibus já fechou a porta e esta quase saindo, mas algum idiota maluco fez o motorista abrir a porta outra vez. Ouço a voz de um cara. "-Droga! O único lugar vazio é ao meu lado. Acabou meu sossego." - Foi o que pensei. Então dei de ombros, pus o fone em meu ouvido. Coloquei a música bem alta e fechei meus olhos... 

-Posso me sentar aqui moça?
-Claro! Sente-se... - Eu nem mesmo abri meus olhos.
-Obrigado!

Não sei por que, mas quando ouvi aquela voz, pensei nele. Lembrei que ele as vezes me chamava de moça ou mocinha... Sorri ao lembrar disso. Eu sentia sua falta. Em algum momento eu acabei pegando no sono. Estava em uma praça. Apenas eu e ele. Não existia ela. Nos estávamos juntos... Brincamos em uma gangorra e em um balanço... Ele me beijava com aquela mesma ternura de antes. Suas mãos deslizavam pelo meu rosto e seu polegar contornava meus lábios. Eu estava muito feliz! E ele também. Ele gravou com um caco de vidro as nossas inicias dentro de um coração na árvore que ficava no centro da praça. A mais bonita de todas! Sentamos em um banco e eu deitei em seu ombro. Suas mãos deslizavam por meu rosto e cabelos. Só ele fazia carinho dessa forma. Eu não queria que aquele momento acabasse nunca! Eu estava feliz... Então acabei abrindo os olhos. Eu estava deitada no ombro do moço que estava ao meu lado...

-Nossa! Eu peguei no sono! Me desculpe... - Disse eu coçando os olhos.
-Relaxa! Você já fez isso algumas outras vezes. O sonho foi bom? - Disse ele gentilmente.
-Sim! Foi ótimo! Mas como assim ja fiz isso outras vezes? - Ao olhar direito, acabei me dando conta que aquele moço era ele.
-Nossa! Que cara é essa moça? O que houve? - Disse ele sorrindo.
-Nada de mais... Só não podia imaginar nunca que fosse você né! - Disse eu completamente sem graça. Eu estava corada.
-Bom, se quiser, peço para aquele moço careca tatuado alí trocar de lugar comigo.
-Babaca! - Eu comecei a rir.
-Olha o respeito mocinha! - Seu tom era doce e gentil.

Eu não podia acreditar que ele estava ali ao meu lado. E por que estava ali? Sonhar com ele e em seguida acordar em seu ombro... Tem coisa mais perfeita que isso? "-Tem sim! Ele ser meu outra vez." - Foi o que pensei enquanto o olhava. 

-E ai moça, o que tem feito de bom? Ja faz bastante tempo que não nos vemos...
-Ah! Nada de bom! Terminei as aulas hoje.
-Passou direto?
-Sim! Graças a Deus! Estou livre e formada! Agora é procurar emprego e dar o passo para a faculdade.
-Sei exatamente... E vai fazer o que em Araruama moça?
-Na verdade vou para Iguaba. Vou passar um tempo com meu pai...
-Ah! Que ótimo!
-Pois é... Volto um pouco antes da minha formatura. Depois tenho que correr atrás de muitas coisas por aqui.
-Eu sei como é... Ah, sabe da grande novidade?
-Acho que não né?!
-Agora eu trabalho para seu pai.
-Sério? A quanto tempo?
-A três meses. Terminei meu curso técnico e ele acabou me dando essa força.
-E seu tio? Reclamou muito por você ter o deixado?
-Um pouco. Mas acabou concordando que isso era o melhor pra mim.
-Entendo.
-E você? Ja decidiu o que quer fazer?
-Ja sim! Quero ser Engenheira Civil como meu pai.
-Você esta certa! Cara, por que você não pede uma força a ele?
-Como assim?
-Peça para ele arranjar um estágio pra você la na Empresa!
-Seria ótimo! Mas eu teria que me mudar pra la. "-E veria você todos os dias. Isso não seria legal"- Disse em meus pensamentos.
-Ah sim! Entendo. Sua vida é aqui né. Não tem como mudar tudo de uma hora para outra mesmo.
-Quem sabe né!
-Pois é!
-Você estava com ela?
-Sim! Depois que voltamos nosso namoro ficou ótimo! 
-Graças a Deus! Fico feliz por vocês!
-Obrigado! Mas se não tivesse conversado contigo naquele dia, com certeza as coisas não seriam assim. Se estou feliz, devo isso a você!
-Deixa de ser bobo menino. - Ele estava feliz e meu dia havia acabado de ser destruído.
-Posso deitar no seu colo? Estou morrendo de sono.
-Claro! Vem cá! - Fiquei surpresa com esse pedido.
-Obrigado!

Enquanto ele deitava no meu colo, mil coisas se passavam por minha cabeça. A falta que ele fazia, a decisão que tomei de abrir mão dele, tudo o que fiz no nosso passado juntos... Mas havia uma certeza: "-Eu vou ter você. No momento certo!" Era o que eu pensava enquanto ele dormia nos meus braços. Nos braços da verdadeira mulher que o ama. Acho que acabei de tomar uma decisão: "-Vou morar com meu pai. Quero ficar perto de você!" Após dizer isso baixinho, beijei sua testa e sorri. Enquanto a viagem continuava, fechei meus olhos e tentei sonhar com seus beijos outra vez.

Comentários

Postar um comentário

Obrigado por comentar!

Postagens mais visitadas deste blog

Você sempre será o meu mundo.

Você sempre será o meu mundo. O céu estava cinza. Bem diferente daquele início de verão de quatro anos atrás. Era uma tarde fria de domingo. Caminhei até a praia onde nos conhecemos. Sabia que a encontraria naquele mesmo lugar. Estava sentada numa pedra que fica de frente pro mar. O cheiro da maresia tomava conta de tudo. A brisa fria conseguia até me deixar arrepiado. Tirei meus chinelos e deixei que meus pés tocassem a areia da praia. Caminhei então em sua direção. Cada passo me trazia uma lembrança. Tudo o que passamos juntos... Em quatro anos conseguimos construir uma história de amor incrível. Meus olhos avermelharam e se encheram de lágrimas ao lembrar-me do quanto ela me fazia feliz. Eu sabia o quanto ela significava em minha vida. Então me senti um idiota por saber que não dizia isso tanto quanto deveria mais. Já estava bem próximo quando percebi que ela estava chorando. Seu rosto vermelho e molhado e seus cabelos levemente cacheados cor castanho-médios balançavam com o ven...

O primeiro beijo

É incrivel lembrar de cada momento daquela tarde de domingo. Meu mundo mudaria completamente naquele dia de sol. -Alô?! -Oi Mari! Tudo bem?! -Tudo sim! E com você? -To ótimo! – Dei um breve sorriso nesse momento e prossegui. – Cheguei. Estou aqui em Bacaxá. Em que praia vocês estão? Naquele momento eu pude sentir que as palavras dela haviam se perdido. Seu coração com certeza havia acelerado e ela não sabia como responder. Eu sei que naquele momento eu senti a mesma coisa que ela estava sentido. -Estamos aqui na praínha. -Onde ela fica? -Ao lado da Igreja. Espera, vou perguntar aqui ao meu tio. -Tudo bem. -Bom, ele esta dizendo aqui que é a praia ao lado da igreja. Aqui perto da praça de Saquarema. -Tudo bem! Já estou chegando ai. -Esta bem. Eu te espero. -Tudo bem! Até logo! -Até logo! Ao desligar, subi no primeiro ônibus que vi escrito “Saquarema”. Levei naquele dia minha irmã e meu cunhado comigo. Ambos mais novos que eu. Ao chegar, não me guiei por palavras ou dicas. Apen...

Protetor.

Enquanto caminhávamos, pude notar algo diferente em seu rosto. Apesar de todas as circunstancias, certamente ela sabia o que eu sentia por ela. Talvez, no fundo, ela gostasse de saber disso.  Lamento por entender que coração alheio é terra de ninguém. Adoraria saber se ela sente algo a mais que essa amizade por mim. Algumas coisas me incomodavam e a principal era essa esperança que nunca morria. Eu não queria amá-la. Somos completamente diferentes, mas ao mesmo tempo sinto que ela é tudo o que eu preciso e eu sou tudo o que ela precisa. É estranho. Eu sei que é, mas nós dois nos completamos. - Posso abraçá-la? – perguntei já envolvendo meus braços sobre ela. - Claro, meu amor. – sorriu. – Estou mesmo precisando de abraços. - Lamento por tudo o que tem acontecido. - Esta tudo bem. Tirando todas as noites de sono que eu estou perdendo... Paramos em frente a vista da praia. Ela me olhou com lágrimas prestes a transbordar. Eu a trouxe em meus braços e abracei encai...