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Jake não disse nenhuma palavra. Sarah então deixou que as lágrimas caíssem em silêncio e foi se afastando aos poucos. Suas mãos seguravam as pontas das mangas do casaco vermelho. Ela então as ergueu e secou os olhos. O vento soprava seus cabelos levemente e o tom cinza daquele fim de tarde de junho tornava as coisas mais dramáticas. Sarah sentia seu mundo desmoronar e a cada passo que dava para trás, se lembrava de algum momento com Jake. Era como um filme em sua mente. A trilha sonora era a musica deles. You Are Not Alone do Michael Jackson. Lembrou-se da primeira vez que o viu naquele hospital. De todas as vezes que contou seu dia para ele enquanto ele estava naquele coma profundo. Lembrou-se da primeira vez que segurou sua mão fria e de pele fina. A primeira vez que pode ouvir a sua voz. Suas lágrimas desciam como dois rios de seus olhos. Então ela gritou seu nome outra vez.
-Jake, - Ela o gritou e ele virou seu pescoço de lado esperando ela dizer o que tinha pra falar. O vento mexia seus poucos cabelos, mas aquela calça jeans escura e o casaco moletom azul nem se movia. Seu rosto estava sério. As pontas de seus sapatos estavam rentes a beira do píer. – eu só queria dizer que eu menti. – Ela suspirou e balançou a cabeça nesse momento. – Achei que... Sei lá. Eu realmente fui uma idiota por achar que nós não devíamos ficar juntos. Eu não transei com ele. Nem ao menos o beijei. Só queria que soubesse disso. Sei que você não acredita em mim. Nem eu acreditaria em mim. Mas é verdade. É a verdade. Eu te perdi né? – Jake não disse nenhuma palavra. – Perdi? Jake? Não vai dizer nenhuma palavra? – Ele girou o seu pescoço novamente para o horizonte e continuou de costas para ela. – Adeus Jake. Adeus...
Ela virou-se e caminhou deixando as lágrimas caírem sem controle de seus olhos. O desespero invadia seu coração. O cenário passava diante seus olhos como uma vista em 360 graus. Era como um filme. Aquela horrível sensação de que alguém havia morrido. Aquela sensação de ter morrido. Ou de ter a certeza de que vai morrer lentamente com aquela dolorosa amargura. Caminhou pelo calçadão e quase sem sentido nenhum se viu andando pela rodovia. A noite estava caindo e ela sentia seus olhos girar. Até que viu uma luz forte se aproximar rapidamente. Então veio aquela dor terrível. Era um Kia Soul vermelho ano 2012 que vinha a 90 km/h e quando a viu, freou bruscamente, mas o motorista não conseguiu evitar a colisão. Sarah foi lançada por cima do capô do carro e rolou pelo para-brisa dianteiro.
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