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Incertezas.

"Se um dia sentir por mim metade do que sinto por você...

A noite estava agradável. O som não era dos meus favoritos, porém me senti bem estando ali. Eu estava com alguém que gosto. Beber estava sendo divertido. Por mais que eu não concordasse muito com isso, até que estava me distraindo. Eu sempre soube que o álcool me faz ser honesto com meus sentimentos mais inocentes. Sabia que embriagado eu não conseguiria dizer o que eu queria, mas sim o que deveria. Isso tudo funciona ao contrario pra mim. Sinto-me estranho, diferente. Mas esse cara diferente sou eu.
Eu caminhei até a porta lateral da boate. A minha frente havia aquela ponte sobre a lagoa. Por inúmeras vezes eu passei por ali. Foi impossível não me lembrar de cada detalhe, de todas as coisas que vivi. Perdi-me nas lembranças encostado na pilastra da varanda e com aquele copo de cerveja na mão.

- Acho que você devia estar lá dentro se divertindo. – disse ela aproximando-se. Estava linda como sempre, porém tinha uma coisa diferente e não era só a maquiagem.
- É. Eu sei. – baixei a cabeça.
- O que houve? – ela sorriu gentilmente; eu pude perceber a mansidão nas suas palavras.
- Todas as vezes que eu cruzava aquela ponte – disse apontando em direção. – eu sabia que meu dia seria perfeito.
- Você sente falta dela, não é?
- Não é “sentir falta”. É saber que foi bom e não foi valorizado. São somente lembranças.
- Olha, acha que eu não sinto saudades dele também? Acha que não daria tudo para estar com ele? Acha que é fácil estar aqui me divertindo enquanto as coisas acontecem? Uma vez você me disse que às vezes as coisas ruins acontecem para que as boas possam acontecer.
- Eu sei. – meu coração acelerou. – Você tem razão.
- Segue em frente, cara. Você merece ser feliz!
- Obrigado por ter me chamado pra vir. – sorri.

- Eu só vim por sua causa. – sorriu. – Quero vê-lo bem.

...então serás a segunda pessoa que mais
ama alguém no mundo!"
Meu coração bateu mais forte. Em poucos instantes percebi que estava vivendo um momento de conflito interno. O meu “querer” lutava contra o meu “sentir”. Eu não olhava para seu corpo e nem para a pessoa que eu conhecia. Eu vi uma pessoa diferente: carinhosa, gentil, romântica, sincera, amiga... Eu vi alguém que eu adoraria ter ao meu lado a vida inteira. Eu senti vontade abraça-la e não soltar até que a noite terminasse. Eu estava encantado com tudo aquilo. Pensei em leva-la para assistir um pôr-do-sol ou um filme de comédia romântica. Eu senti vontade de estar longe de todos e somente ao lado dela. Eu queria ter dito isso a ela. Mas sabia que não podia. Ela só me via como amigo e, isso deveria ser recíproco. Não posso arriscar perde-la por um sentimento impossível. Eu apenas a observei e sorri como sempre faço. Como sempre fiz até hoje.


Por Pierre Martins

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