- Não gosto do jeito como você olha para ela! – esbravejou.
- E de que jeito olho para ela? Como uma simples amiga? Porque é apenas isso que ela é! – respondi com um alto tom de voz.
- Amiga? Há! Não é o que ela demonstra quando olha para você, com aquela carinha de sonsa! Eu vejo muito bem as coisas! Ela gosta de você e não faz questão de esconder isso de mim! – respirou fundo e depois prosseguiu. - Não quero você perto dela!
- Você esta ficando louca! Seu ciúme esta cegando você! Não tem olhar nenhum! O que aconteceu entre nós acabou a seis anos atrás!
- Eu vi o jeito que você olhou para ela!
- E de que jeito eu olhei?
- Com carinho, amor... – seus olhos brilharam, então percebi que eram lágrimas se formando. - Do mesmo jeito que olha para mim.
Senti um arrepio que vinha da espinha. Eu já não conseguia mais esconder. Meu coração estava dividido. Eu não podia me apaixonar por aquela mulher. Não podia desestabilizar tudo o que levei tanto tempo para construir... Mas por outro lado eu estava cada vez mais dependente da paz que aquela voz transmitia. Me encantava com aquele sorriso tímido... E não conseguia esquecer o pedido que ela me fez: “ – Termine esse relacionamento. Ela não é a pessoa certa para você... “ E que seria a pessoa certa para mim? Ela? Havia dúvida em meu coração e eu sabia que isso não seria bom. Por mais que meu relacionamento fosse sólido e eu amasse a minha mulher, eu sabia que havia muito mais coisas em jogo. Era como escolher entre a fé e a razão. Meu coração estava dividido entre duas pessoas completamente opostas. O que eu devo fazer? Me arriscar em algo que não deu certo no passado ou devo insistir em algo que, apensar de não ser a vida que eu gostaria de escolher, me faz feliz? Acho que devo seguir em frente com quem me faz feliz hoje. Vou optar pela razão. Espero que esteja fazendo a escolha certa... Mas se me arrepender nunca vou me perdoar... Droga! – Fechei os olhos e afundei minha cabeça no travesseiro sem dizer mais nada a ela.
Ela suspirou, deitou-se e me abraçou como sempre fazia.
Eu não dormi aquela noite.
Por Pierre Martins
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