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A primeira dança.


- Quanto tempo leva para se conhecer alguém?
- Talvez um dia, ou alguns minutos. Acho que é tudo relativo. – disse ela sorrindo.
- Como assim? – perguntei direcionando meu olhar em sua direção.
- Acho que te conheci bem hoje.
- Foi como imaginou?
- Não.

Continuamos deitados ali na grama, à beira da praia. A noite estava perfeita. Não havia se quer uma nuvem. Talvez até tivessem brilhando mais estrelas que o comum. O clima agradável e o reflexo da lua cheia nas águas tranquilas completava a paisagem daquela noite. Havíamos passado um dia maravilhoso juntos. Entre tantos sorrisos e passos, a vida nos levou ali, diante daquela paisagem maravilhosa. Eu me sentia leve e a paz pairava sobre nós dois. Era ótimo estar com ela ali. Então percebi que ela se levantou e caminhou até as margens da laguna. Ela agora estava séria. Eu podia ver algo triste em seus passos. Talvez fossem os mesmos passos que eu dei durante muito tempo. Passos com marcas de um passado espinhoso. Então me levantei e caminhei em sua direção e a abracei pelas costas, pondo meu queixo em seu ombro enquanto nós olhávamos a lua juntos.

- A Lua está linda, não acha? – disse eu.
- Muito! – respondeu-me.
- Eu sempre sonhei em tocá-la.
- Ela está um pouco longe, não acha? – sorriu.
- Tenho a “lua” em meus braços nesse momento. – sorri enquanto ela virou pra me repreender e, antes que ela o fizesse, eu continuei. – A Luana.
- Você é um bobo, sabia? – sorriu e seu rosto corou nesse momento.
- Um pouco.
- Uhum!

Ficamos ali observando a lua por mais algum tempo em silêncio. Agora ela segurava minhas mãos em sua cintura. Meu queixo estava meio apoiado no topo de sua cabeça. O cheiro de seu cabelo ruivo era gostoso. Eu não sabia decifrar ao certo o que lembrava.

- Sabia que a Lua é parte da Terra? – interrompi o silêncio.
- Sério?
- Sim. Dizem que a alguns bilhões de anos um planeta parecido com Marte colidiu na lateral da Terra e acabou se fundindo com o nosso planeta. Ai a quantidade de material que se espalhou na colisão formou um anel em torno da Terra. Esse material foi se aglutinando até formar a Lua.
- Nossa! Bem interessante! – sorriu.
- De certa forma acho a relação Lua e Terra bem parecida com o ser Humano.
- Por quê?
- A Lua foi feita com parte da Terra, assim como a mulher foi feita da costela do homem. A Lua “ajusta” a orbita do planeta, as marés, enfim, assim como a mulher ajusta a vida do homem. Sem vocês nós não somos nada. A Lua dança com a Terra em um baile cósmico sensacional, assim como a mulher dança com o homem.
- Eles dançam?
- Sim. – soltei o abraço, virei-a de frente pra mim e peguei em suas mãos. – Assim como vamos dançar agora.
- Ta maluco? – disse ela sorrindo. – Nem tem música aqui.
- Dizem que no espaço o som não se propaga, e isso não impede a dança...

Ficamos dançando e por um longo tempo. Era maravilhoso o seu sorriso. Ela estava feliz e isso me fazia bem. Todos os outros pensamentos saíram de minha mente. Era como se aquele momento fosse eternamente nosso. Um baile só nosso. Eu senti que não precisava de mais nada naquele momento. Só estar ali com ela. Então depois de algum tempo paramos e eu a tomei em meus braços enquanto ela sorria. Nossos rostos estavam bem próximos.

- Nossa! – gargalhadas. – Estou tonta!
- Calma menina! – sorri. – Eu te seguro. – as palavras saíram pausadamente. – Te seguro aqui bem pertinho de mim.
- Vai fazer o que agora? Me beijar, moço?
- Tenho uma ideia melhor. – sorri.
- É? O que?
- Cócegas!



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