Estive caminhando sozinho por muito tempo. Talvez não tivesse notado que as coisas podiam ser diferentes.
Mais uma vez me perdia em meus pensamentos. A solidão, minha fiel companheira, conversava comigo enquanto percorria o trajeto de volta pra casa. Muitas pessoas naquela fria tarde de junho passaram por mim. Eu estava anestesiado quanto a tudo o que acontecia ao meu redor. Mas eu sabia que meus passos me levariam a algum lugar, como sempre fizeram.
Quando cheguei a rodoviária, ajeitei minha mochila nas costas e olhei para o lado. Havia uns ambulantes vendendo algumas coisas em frente a farmácia. Uma mulher de cabelos cacheados passou falando alto no celular e, outra apenas parou para acender um cigarro. Extensas filas nas portas dos ônibus... Pessoas que iam e vinham... e eu ali. Então senti aquele esbarrão nas costas.
- Ai! Me perdoe! – disse a moça que acabara de esbarrar em mim. – Estava distraída e...
- Tudo bem! Relaxa! – eu disse tentando ser sociável e gentil.
Ficamos um tempo parados ali. Ela era linda! Olhos verdes, levemente amendoados, cabelos escuros repicados nas pontas, que combinava perfeitamente com seu tom de pele claro. Usava um uniforme preto. Aquele blazer deixava ela com um ar sério, mas logo vi que ela não era tão séria.
- Então, sou Júlia. – disse ela estendendo a mão.
- Ah sim, prazer Júlia! Sou Jake! – respondi apertando sua mão.
O silêncio se estendeu por mais algum tempo.
- Bom, já vou indo então. – disse ela.
- Tudo bem. – respondi. – Até logo.
- Até...
Seguimos caminhando para o mesmo lugar.
- Que ônibus você pega? – perguntei.
- Cabo Frio. E você?
- Cabo Frio. – sorrimos. – Coincidência?
- Deve ser. Ou pode ser...
- Destino?
- Mania de me interromper! – sorriu. – Já é a segunda vez!
- Desculpe-me. – meu rosto corou na mesma hora.
- Tudo bem. Relaxa. – ela continuou sorrindo delicadamente com o rosto avermelhado.
- É... – baixei a cabeça.
Ficamos em silêncio enquanto subíamos no ônibus. Algo nela chamava minha atenção. Não era só a beleza, mas seu jeito delicado, seu sorriso tímido, seu olhar penetrante, sua voz doce... Era como se eu pudesse me apaixonar fácil por ela. Sentei em uma cadeira que ficava próximo a janela no fundo do ônibus. Ela sentou-se logo no início. Não conseguia parar de pensar nela. Senti que devia ter sido menos tímido e idiota e lamentei por isso. Então ela me surpreendeu. Levantou e venho sentar-se ao meu lado. Eu a observei e sorri. Então perguntei:
- O que te fez querer sentar aqui?
- Meu destino! – respondeu sorrindo.
Por Pierre Martins
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