Pular para o conteúdo principal

O fim


-Amor, isso é uma montagem. Eu não fiz isso! Por favor, você tem que acreditar em mim!
-Chega! To cansada. Não foi a primeira vez... Você sabe disso!
-Mas eu não fiz! Essa foto é uma montagem!
-E as outras vezes? Você também foi inocente?
-Amor... Acredita em mim... Por favor...
-Chega!
-O que você esta fazendo?
-Arrumando minhas coisas! Vou embora daqui agora!
-Não! Por favor... Acredite em mim!

Tentei segura-la e desfazer a sua mala, mas nada adiantou. Ela realmente estava decidida. Então enquanto ela fazia as malas, eu vi um papel. Parecia o resultado de algum exame.

-O que é isso Júlia?!
-Nada!
-Me da isso aqui! ( Tomei o envelope de suas mãos )
-Me devolve isso Pedro!
-Não!

Peguei o envelope e num ato infantil corri do quarto a cozinha em segundos. Ao abrir o envelope, vi que era um teste de gravidez cujo resultado era positivo.

-Júlia! Júlia! Eu vou ser pai?! Vou ser pai!!!

Ela nada disse. A única voz que se ouvia era a minha. Então fui até o quarto e a flagrei chorando sentada na cama com sua mala pronta ao lado.

-Amor... Vida... Júlia, olha pra mim?!
-Me desculpe...
-Amor, por que?
-Por ter brigado contigo e duvidado de você.
-Amor, existem pessoas que querem meu mau. Ou melhor, o nosso mau. Sabem que atingindo você, me machucam muito!
-Foi uma montagem...
-Lógico né!
-Letícia me contou tudo.
-Letícia?! Essa vagabunda desgraçada quem fez isso?!
-Não Pedro! Não foi ela. Ela apenas descobriu quem fez... Ela esta vindo pra cá pra me contar tudo e esclarecer...

Nesse momento o celular dela havia tocado. Recebeu um torpedo e ficou paralisada. Rapidamente tomei-lhe o celular para ler o que havia chegado. Ela fez de tudo para que eu não conseguisse ler, mas eu sou mais forte que ela e assim, ela não pode evitar. Era de Marquinhos.

"Sei que a vagabunda traidora da Letícia contou tudo a você. Sei também que vai nascer um demônio da sua barriga! Ou melhor, não vai nascer. Eu vou matar Pedro se você não tirar essa criança! Esta avisada!"

-Eu vou matar esse maldito!

Foi tudo o que consegui dizer antes de pegar o revolver que deixava escondido no meu guarda-roupas! Sai correndo de casa. Nem troquei de roupa. O ódio tomava conta do meu corpo. Todas as brigas, tudo de errado que acontecia na minha vida era culpa dele! Tinha que me livrar de uma vez por todas dele! Entrei no carro com toda a pressa do mundo. Júlia deixou a casa toda aberta e entrou no meu carro desesperada tentando me impedir. Tirei ela do carro e arranquei e fui a toda velocidade para a casa de Marquinhos. Olhei pelo retrovisor e vi que Letícia acabava de encostar seu carro ao lado de Júlia, que entrou desesperada. Notei que elas tentavam me seguir. Pra minha surpresa, ele estava me esperando e quando pequei a via-lagos, meu celular tocou e era ele me ligando.

-Eu vou te matar seu desgraçado maldito!
-Estou aqui na sua cola Pedro. Minha arma esta pronta para te mandar pro inferno. Vamos pro mesmo lugar!
-Cala a boca seu ordinário!
-Eu não vou deixar você ser feliz! Você sabe disso Pedro! (Seu tom era completamente irônico.)
-Onde você esta seu desgraçado?!
-Te esperando Pedrita! Estou aqui no Graal.

Desliguei meu celular e corri mais do que nunca para chegar até aquele desgraçado. Enfim, cheguei. Nem estacionei o carro. Deixei atravessado entre duas vagas e vi quando aquele miserável ajeitou a arma na cintura. Eu não tinha outra alternativa a não ser pegar ele pelas costas. Aquele era o momento. Quando procurei minha arma, percebi que infelizmente havia deixado ela no porta-luvas do carro. "O que eu podia fazer?!" Fiquei cego naquele momento e parti pra cima dele como um animal. A arma daquele desgraçado caiu bem longe e eu dei-lhe uma bela surra! Se não fosse Letícia e Júlia chegarem ali naquele momento gritando para alguém separar a briga, eu mataria ele ali mesmo. Subi no carro e Júlia veio comigo. Ele não satisfeito levantou-se, entrou em seu carro e foi atras de mim. Letícia também entrou em seu carro e correu atrás de nós três.

A velocidade dos carros ultrapassavam os 160 km p/h em alguns trechos. Então meu celular outra vez tocou. Era ele.

-Eu não tenho mais nada a perder pedro. Você destruiu minha vida! Você vai pagar e o dia é hoje.
-Me deixa em paz!
-Você vai ter paz! Logo logo no céu!

Nesse momento senti uma queimação em meu braço logo após ver meu vidro traseiro do carro se quebrar. Ele havia começado a atirar e eu havia levado um tiro de raspão. Seu carro estava na minha cola e logo atras dele estava o carro de Letícia. As curvas cada vez mais eram difíceis de fazer, pois a velocidade dos carros só aumentavam. Júlia estava desesperada e eu sabia que tinha que fazer de tudo pra proteger a mãe de meu filho.

-Júlia! Eu te amo! Sempre amei e isso nunca vai mudar! Obrigado por estar ao meu lado! Você é a melhor esposa que Deus poderia ter me dado! (Disse eu aos bérros.)
-Pedro! Eu te amo! Sempre amei... Desde quando vi você pela primeira vez... Desde quando eramos crianças... (Respondeu ela da mesma forma.)

Perdi a direção do meu carro quando um tiro acertou meu pneu traseiro do lado direito. Meu carro capotou pelo menos umas 8 vezes antes de parar. Letícia jogou o carro contra o carro de Marquinhos e os dois capotaram para fora da pista. Testemunhas relataram que aqueles carros ficaram irreconhecíveis. Letícia impediu que Marquinhos me matasse. Mas Júlia não teve a mesma sorte. Bateu forte de cabeça e teve traumatismo craniano. Acordei seis dias depois. Fiquei em um coma profundo. A reabilitação foi bem difícil. Mas o mais difícil foi enterrar Júlia e meu filho que nem teve a chance de nascer. Pesadelos com aquela cena sempre me atormentavam. Marquinhos se foi, mas levou consigo a minha vida. Deixei de acreditar em Deus. Não entendia o porquê dele ter permitido que tudo acontecesse. Sei que ja fazem 3 anos desde que tudo aconteceu. Hoje estou voltando a um lugar que não venho a muito tempo. O frio é bem diferente daquele dia de sol quente em que tive de me despedir de Júlia. Aquela praia poderia apagar um pouco das recordações ruins... Então quando fui caminhando pela areia, avistei uma garotinha... Minha vida toda faria sentido ali. Finalmente eu encontraria a minha felicidade!

Por Pierre Martins

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Você sempre será o meu mundo.

Você sempre será o meu mundo. O céu estava cinza. Bem diferente daquele início de verão de quatro anos atrás. Era uma tarde fria de domingo. Caminhei até a praia onde nos conhecemos. Sabia que a encontraria naquele mesmo lugar. Estava sentada numa pedra que fica de frente pro mar. O cheiro da maresia tomava conta de tudo. A brisa fria conseguia até me deixar arrepiado. Tirei meus chinelos e deixei que meus pés tocassem a areia da praia. Caminhei então em sua direção. Cada passo me trazia uma lembrança. Tudo o que passamos juntos... Em quatro anos conseguimos construir uma história de amor incrível. Meus olhos avermelharam e se encheram de lágrimas ao lembrar-me do quanto ela me fazia feliz. Eu sabia o quanto ela significava em minha vida. Então me senti um idiota por saber que não dizia isso tanto quanto deveria mais. Já estava bem próximo quando percebi que ela estava chorando. Seu rosto vermelho e molhado e seus cabelos levemente cacheados cor castanho-médios balançavam com o ven...

O primeiro beijo

É incrivel lembrar de cada momento daquela tarde de domingo. Meu mundo mudaria completamente naquele dia de sol. -Alô?! -Oi Mari! Tudo bem?! -Tudo sim! E com você? -To ótimo! – Dei um breve sorriso nesse momento e prossegui. – Cheguei. Estou aqui em Bacaxá. Em que praia vocês estão? Naquele momento eu pude sentir que as palavras dela haviam se perdido. Seu coração com certeza havia acelerado e ela não sabia como responder. Eu sei que naquele momento eu senti a mesma coisa que ela estava sentido. -Estamos aqui na praínha. -Onde ela fica? -Ao lado da Igreja. Espera, vou perguntar aqui ao meu tio. -Tudo bem. -Bom, ele esta dizendo aqui que é a praia ao lado da igreja. Aqui perto da praça de Saquarema. -Tudo bem! Já estou chegando ai. -Esta bem. Eu te espero. -Tudo bem! Até logo! -Até logo! Ao desligar, subi no primeiro ônibus que vi escrito “Saquarema”. Levei naquele dia minha irmã e meu cunhado comigo. Ambos mais novos que eu. Ao chegar, não me guiei por palavras ou dicas. Apen...

Protetor.

Enquanto caminhávamos, pude notar algo diferente em seu rosto. Apesar de todas as circunstancias, certamente ela sabia o que eu sentia por ela. Talvez, no fundo, ela gostasse de saber disso.  Lamento por entender que coração alheio é terra de ninguém. Adoraria saber se ela sente algo a mais que essa amizade por mim. Algumas coisas me incomodavam e a principal era essa esperança que nunca morria. Eu não queria amá-la. Somos completamente diferentes, mas ao mesmo tempo sinto que ela é tudo o que eu preciso e eu sou tudo o que ela precisa. É estranho. Eu sei que é, mas nós dois nos completamos. - Posso abraçá-la? – perguntei já envolvendo meus braços sobre ela. - Claro, meu amor. – sorriu. – Estou mesmo precisando de abraços. - Lamento por tudo o que tem acontecido. - Esta tudo bem. Tirando todas as noites de sono que eu estou perdendo... Paramos em frente a vista da praia. Ela me olhou com lágrimas prestes a transbordar. Eu a trouxe em meus braços e abracei encai...